Um dos primeiros atos dos roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega na nova direção de Walter Salles (o mesmo de “Central do Brasil”) é, além de apresentar o clã dos Paivas, fazer com que o público conviva e se apaixone por Rubens, Eunice e seus cinco filhos, incluindo Marcelo Rubens, autor do livro que deu origem a este filme.
“Ainda estou aqui” acaba de chegar aos cinemas brasileiros depois de conquistar plateias em grandes festivais, como o de Veneza (Itália), onde ganhou o prêmio de melhor roteiro.
O longa retrata os horrores da ditatura nos anos 1970, o desaparecimento de Rubens Paiva e a luta frenética de Eunice por respostas e justiça.
Com mais de duas horas de duração, a obra gera interesse pela protagonista vivida por Fernanda Torres, que, não à toa, é tida pela crítica especializada como uma das melhores atrizes do ano, a ponto de repetir o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, e ser indica ao Oscar 2025. No entanto, algumas cenas podem ser vistas como supérfluas pelo teor de semelhança entre elas.
Ainda sobre o elenco, Selton Mello atesta que o tempo o deixa cada vez melhor. Como prova, a ausência do ator na trama, após ser capturado, faz com que o filme perca um pouco de sua força. Todavia, Valentina Herszage, Humberto Carrão, Dan Stulbach e Antonio Saboia – como Marcelo Rubens Paiva na fase adulta –, mesmo em participações menores, oferecem excelentes interpretações.
No mais, o longa foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga em “Melhor filme internacional” na próxima cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, ausente desde 1999 nesta categoria.
“Ainda estou aqui” merece ser lido, visto e aplaudido, pois revisita as dores de um Brasil que não pode ser esquecido.
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