Que Pedro Almodóvar é um dos maiores diretores espanhóis do mundo, isso todo mundo sabe.
Sua filmografia é gigante e impactante: “A pele que habito”, “Volver”, “Má educação”, “Mães paralelas”, “Dor e glória”, “Tudo sobre minha mãe” e por aí vai...
Porém, a vez agora é de “O quarto ao lado”, seu primeiro longa em inglês, baseado na obra “What are you going through”, de Sigrid Nunez.
Apesar de não dominar o idioma, Almodóvar já dirigiu, em 2023, o curta “Estranha forma de vida". Risco que o encorajou a levar para os cinemas um longa que venceu neste ano o “Leão de ouro”, prêmio máximo do Festival de Veneza.
Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton) não se veem há anos. A primeira, escritora de sucesso, descobre que sua ex-colega de trabalho, uma jornalista correspondente de guerra, passa por um momento delicado: um câncer terminal. A partir daí, a história se desenvolve e ganha corpo à medida que Ingrid é convencida a realizar o último pedido da amiga moribunda.
“O quarto ao lado” é um daqueles filmes que, brevemente, estará presente na lista dos grandes clássicos. Isso porque tem todos os ingredientes que votantes de premiações gostam: melodrama, humor ácido, diálogos facilmente reproduzidos, trilha indutora, diretor conceituado e atrizes oscarizadas.
No entanto, a amizade entre as protagonistas é como aquela antiga canção popular: “o anel que tu me deste era vidro e se quebrou...”. Além de química, falta cumplicidade na relação construída pelas personagens. Principalmente, se levarmos em consideração o teor do segredo que ambas compartilham. Afinal, você confiaria algo supersigiloso a uma pessoa que não vê há anos?
Por fim, saí do cinema com o dever cumprido ao incluir mais uma obra de Almodóvar na minha coleção. Entretanto, não sei se Almodóvar cumpriu com o seu dever.
NOTA: 7,5
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