A busca pelo “equilíbrio entre vida pessoal e profissional” tem sido cada vez mais desafiadora para mulheres que ocupam posições de liderança, especialmente quando elas também assumem as responsabilidades da maternidade. Segundo a psicóloga e especialista em liderança feminina Thirza Reis, essa busca incessante por equilíbrio precisa ser repensada, pois, muitas vezes, transforma-se em uma pressão que apenas intensifica a sensação de insuficiência. "A sociedade exige que as mulheres sejam mães como se não trabalhassem e profissionais como se não tivessem filhos. Essa conta nunca fecha", afirma.
De acordo com Thirza, a chave para lidar com os desafios da liderança e maternidade está em abandonar a ideia de um equilíbrio perfeito e, em vez disso, adotar uma abordagem mais realista: *balancear com presença*. “Não se trata de equilibrar tudo o tempo todo, mas sim de fazer escolhas conscientes sobre onde colocar nossa energia. A presença plena em cada momento – seja no trabalho, com a família ou em momentos de autocuidado – é mais eficaz e menos sobrecarregante”, explica.
Para Thirza, o autocuidado não deve ser visto como um luxo, mas como uma necessidade fundamental para garantir o bem-estar. "Em uma sociedade que glorifica o sacrifício, as mulheres muitas vezes se sentem sobrecarregadas. Para cuidar bem dos outros, é necessário cuidar de si mesma primeiro", observa. A psicóloga sugere que as mães líderes busquem, ao menos, de 10 a 15 minutos diários para se reconectar e restaurar suas energias, garantindo, assim, que não negligenciem sua saúde física e emocional.
Delegar tarefas tanto no ambiente de trabalho quanto em casa é uma outra estratégia importante para manter a saúde mental em dia. Thirza reforça que estabelecer limites claros entre a vida pessoal e profissional é essencial. “É fundamental criar espaços intransponíveis para a família ou para momentos de descanso, sem interrupções. Isso ajuda a preservar a saúde mental e a garantir que, quando você esteja com os outros, esteja realmente presente”, afirma.
Outro sentimento comum entre mães líderes é a culpa, um fenômeno que, segundo Thirza, precisa ser enfrentado com mais empatia e aceitação. "Pare de se comparar com os outros e reconheça que você está fazendo o seu melhor com os recursos que tem. Seja gentil consigo mesma, assim como seria com uma amiga querida", orienta a psicóloga, destacando que a idealização da "mãe perfeita" só aumenta o peso da jornada.
No campo profissional, a psicóloga reforça a importância de liderar pelo exemplo. “Estabelecer limites, promover a comunicação aberta e respeitosa e criar um ambiente onde todos se sintam valorizados são práticas fundamentais para garantir uma equipe saudável e produtiva", ressalta. Ela também aponta a inteligência emocional e relacional como habilidades cruciais para lidar com os desafios diários. "Práticas como mindfulness, desenvolvimento da empatia e a criação de redes de apoio são transformadoras para as líderes femininas", afirma.
Por fim, Thirza destaca que a saúde mental deve ser uma prioridade em qualquer momento da vida. "Cuidar de si mesma não é egoísmo, é uma responsabilidade. Uma líder eficaz é aquela que entende que é possível conciliar a presença genuína em todas as áreas da vida, sem abrir mão do bem-estar pessoal", conclui.
Com uma abordagem consciente e equilibrada, é possível que as mulheres líderes consigam encontrar formas de balancear com presença a carreira e a maternidade, sem perder de vista a importância do autocuidado e da saúde mental.
