Ao longo das décadas, o cenário musical tem se transformado. De um espaço majoritariamente ocupado por homens, a indústria passou a contar com a força criativa e empreendedora de mulheres que quebram barreiras, reinventam estilos e desafiam padrões. Essa mudança reflete um novo momento cultural em que a voz feminina é amplificada, não apenas como intérprete, mas também como compositora, produtora e empresária.
Para explorar essa realidade, a dupla May e Gabi compartilhou sua experiência no mercado da música sertaneja detalhando suas experiências e reflexões sobre a jornada da mulher na música.
O espaço feminino
May e Gabi enfrentaram dificuldades iniciais para serem reconhecidas em um mercado tradicionalmente masculino. “Muitos acreditavam que o sertanejo era um universo exclusivamente masculino, sem espaço para as mulheres mesmo que haja grandes nomes femininos na música sertaneja. Mas nós não paramos de acreditar. Sabíamos que o público estava ansioso para ouvir as histórias que só as mulheres poderiam contar”, compartilha May.
Hoje, a dupla acumula milhões de visualizações nas plataformas digitais e se apresentaram em diferentes estados do Brasil. Para Gabi, essa conquista é fruto de uma mudança maior. “Estamos vendo outras artistas também quebrando paradigmas, como Marília Mendonça, que abriu caminhos e mulheres no pop, como Anitta, que conquistaram o mundo. Isso nos dá força para continuar”, afirma.
A força da representatividade
A presença de mulheres em diferentes gêneros musicais tem um impacto direto na forma como o público consome e se identifica com as músicas. A cantora IZA, por exemplo, tem usado seu espaço para dar visibilidade à diversidade e ao empoderamento negro no pop brasileiro. No funk, Ludmilla e MC Carol desafiam padrões ao abordar temas como sexualidade, desigualdade e resistência.
“O mais importante é que as mulheres estão falando por si mesmas”, observa Paula Pires, pesquisadora e empresária do ramo. “Antes, elas eram moldadas para caber em um padrão imposto pela indústria. Agora, estão ocupando todos os espaços de produção e mostrando que têm voz ativa em todos os aspectos do processo criativo.”
Mudança de bastidores
Além das cantoras, o mercado musical também tem visto um crescimento na presença de mulheres nos bastidores. Produtoras como Marina Sena, que além de compor e interpretar suas próprias músicas, tem atuado na produção de seus trabalhos, mostram que o poder feminino na música vai muito além do palco.
Para May e Gabi, isso é essencial para que as novas gerações se sintam inspiradas. “É importante destacar que as gerações femininas no sertanejo foram ganhando espaço no decorrer dos anos e isso tem se intensificado cada vez mais. Hoje, sabemos que as meninas que nos veem no palco podem acreditar que esse espaço é delas também, seja como cantoras, compositoras ou empresárias da música”, conclui Gabi.
No mundo musical existem inúmeras áreas em que o protagonismo da mulher tem sido observado, um exemplo disso são as que atuam nos bastidores de eventos e produções.
O futuro é feminino
Com uma indústria cada vez mais inclusiva, o futuro da música promete ser ainda mais marcado pela pluralidade de vozes femininas. Iniciativas como festivais dedicados exclusivamente a artistas mulheres, maior visibilidade nas plataformas de streaming e coletivos de apoio entre cantoras e produtoras estão consolidando um movimento irreversível.
Se no passado a música brasileira cantava sobre as mulheres, hoje elas cantam por si mesmas, ditam as regras e continuam a abrir caminho para quem vem depois. May e Gabi são apenas um dos muitos exemplos de que, finalmente, as mulheres estão assumindo o protagonismo que sempre foi delas.