Caso Bia Miranda e Buarque: Como a saúde mental do bebê pode ser afetada por conflitos familiares?

Psicóloga perinatal explica como os vínculos afetivos influenciam o desenvolvimento emocional dos bebês e a importância do contato com as figuras parentais

15/01/2025 às 14h27
Por: Redação SP
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Foto-Reprodução/Instagram
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O caso de Bia Miranda e do DJ Buarque levanta debates sobre a saúde mental de bebês em situações de separação. Atualmente, Kaleb, filho de 7 meses do ex-casal, mora com o pai, enquanto Bia afirma que enfrenta dificuldades para manter contato regular com o bebê devido a restrições impostas pelo genitor.

Mas como esses cenários afetam o desenvolvimento emocional de um bebê? Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline, respondeu algumas dúvidas mais comuns relacionadas ao tema:

1)     Qual é a importância de uma figura de cuidado primária no desenvolvimento emocional do bebê?

A figura de cuidado primária é essencial para que o bebê se sinta seguro e protegido. O bebê precisa receber afeto e cuidados consistentes de pelo menos uma pessoa, o que é fundamental para sua saúde mental e desenvolvimento de vínculos afetivos ao longo da vida.

2)     O gênero ou a composição familiar influencia o vínculo afetivo do bebê?

Não. O bebê necessita de amor e cuidados, independentemente de quem os ofereça. Pode ser um homem, uma mulher, duas mulheres, dois homens ou qualquer outra configuração familiar. O mais importante é que a figura de cuidado esteja emocionalmente disponível.

3)     Quais são os impactos de um apego inseguro?

Quando o bebê não recebe cuidados consistentes e afeto positivo, ele pode desenvolver um apego inseguro. Isso significa que, mesmo ao se vincular ao cuidador, não terá a sensação de segurança necessária. Esse tipo de vínculo pode causar dificuldades emocionais no futuro, como baixa autoestima e problemas em confiar nas pessoas.

4)     No caso de Kaleb, o que pode ser avaliado para preservar sua saúde mental?

A saúde mental do bebê depende de quem oferece os cuidados principais, que deve garantir segurança emocional e afeto. A criança pode desenvolver apego seguro com quem oferece esses cuidados consistentes, seja o pai, a mãe ou outra figura. Contudo, é fundamental que a outra figura parental mantenha contato regular para evitar distanciamento e fortalecer o vínculo. Quanto menos o bebê interage com um dos genitores, maior a dificuldade em reconhecê-lo como confiável.

5)     O que pode ser feito para manter o vínculo entre a criança e o genitor que não mora com ela?

Contatos frequentes, preferencialmente semanais, ajudam o bebê a reconhecer o genitor como uma figura confiável e presente, mesmo que ele não resida na mesma casa. Essa interação é crucial nos primeiros três anos de vida, período em que o apego se forma.

6)     Como identificar quem deve ser a figura de cuidado principal?

A figura principal é quem dedica tempo, atenção e oferece segurança emocional ao bebê. Pode ser o pai, a mãe, avós ou até uma babá. O mais importante é proporcionar estabilidade e afeto positivo.

7)     Quais são os efeitos de uma convivência limitada com o genitor que não é a figura primária?

Quando há pouco contato com o genitor ausente, o bebê tem maior dificuldade de criar um vínculo saudável. A criança pode se sentir insegura ou estranha ao interagir com o genitor ausente. Por isso, contatos frequentes são indispensáveis.

8)     O que fazer para proteger a saúde mental do bebê em casos de separação?

Algumas orientações essenciais incluem:

       Evitar conflitos na frente do bebê: Isso preserva a sensação de segurança da criança.

       Garantir contatos frequentes: O bebê precisa de interação constante com ambos os genitores para fortalecer os vínculos afetivos.

       Criar um ambiente seguro e acolhedor: O cuidador principal deve oferecer estabilidade emocional, afeto e atenção.

       Manter diálogo respeitoso entre os pais: A comunicação positiva facilita a adaptação do bebê e evita que ele se sinta dividido.

Quem é Rafaela Schiavo?

É psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil.

Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade.

 

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