Criança com dor nas pernas à noite? Pode ser dor do crescimento – ou um sinal de alerta

Pediatra explica como identificar a condição benigna e os sintomas que exigem avaliação médica.

30/06/2025 às 19h36
Por: Redação SP
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Seu filho reclama de dores nas pernas à noite, mas não apresenta febre, inchaço ou sinais de lesão? Isso pode ser a chamada dor do crescimento,  uma queixa comum na infância que costuma gerar preocupação nos pais. Apesar do nome, trata-se de uma condição benigna. 

A pediatra Bruna de Paula explica que a dor do crescimento é um desconforto muscular intermitente que atinge principalmente os membros inferiores e aparece mais frequentemente entre os 3 e os 10 anos de idade. “Embora não represente risco à saúde, pode ser bastante incômoda e angustiante tanto para a criança quanto para os pais”, destaca a médica.

 O que é a dor do crescimento?

Segundo Bruna, a chamada dor do crescimento é, na verdade, um nome popular para um tipo específico de dor muscular benigna que afeta crianças. 

“Apesar do nome, ela não está diretamente ligada ao crescimento ósseo. Trata-se de uma condição sem causa definida, que acomete cerca de 10% a 20% das crianças em alguma fase da infância. O termo serve mais para diferenciar esse tipo de dor de outras condições médicas mais graves. Ela é considerada um diagnóstico de exclusão – ou seja, só é confirmada depois que outras causas mais sérias são descartadas. Normalmente, a criança está saudável, ativa e sem sinais de inflamação, febre, ou outros sintomas sistêmicos. A dor aparece e desaparece espontaneamente, sem deixar sequelas”, explica.

Quando acontece e como identificar?

Um dos sinais mais típicos da dor do crescimento é o aparecimento de dor nos membros inferiores – especialmente nas coxas, canelas, panturrilhas ou atrás dos joelhos – que costuma surgir durante a noite ou madrugada.

“É comum que a dor seja bilateral (nos dois lados) e intensa o suficiente para acordar a criança ou fazê-la chorar. No entanto, pela manhã, ela acorda como se nada tivesse acontecido: sem dor, sem dificuldade para andar, sem inchaços ou outros sintomas. Essa alternância entre dor noturna e recuperação total pela manhã é uma característica importante. O intervalo entre as crises pode variar bastante – de dias a meses. Em geral, o exame físico é completamente normal, o que ajuda a reforçar o diagnóstico”, esclarece a pediatra.

Quando buscar ajuda médica?

Embora a dor do crescimento seja considerada comum e benigna, é importante que os pais saibam identificar sinais de alerta que indicam a necessidade de avaliação médica. 

“É essencial procurar ajuda médica sempre que a dor fugir do padrão clássico da dor do crescimento. Por exemplo, se a dor for apenas de um lado, persistente, durante o dia, associada à febre, inchaço, dificuldade para se movimentar, claudicação (mancar), perda de peso ou outros sintomas sistêmicos, isso pode indicar um problema mais sério. Condições como infecções ósseas, leucemias, artrite idiopática juvenil e até tumores ósseos podem ter início semelhante. Portanto, diante de qualquer sinal de alerta – como dor ao toque, articulações inchadas, rigidez matinal ou histórico de febre prolongada – é fundamental consultar o pediatra”, alerta a médica.

Como tratar? 
Como a dor de crescimento é uma condição benigna e autolimitada, o tratamento costuma ser simples e focado no alívio dos sintomas.

“A maioria das crianças melhora com medidas caseiras como massagens suaves nas pernas e compressas mornas. Essas atitudes trazem conforto imediato e ajudam a acalmar tanto a criança quanto os pais. Em alguns casos, quando a dor é mais intensa ou prolongada, pode-se usar analgésicos leves como o paracetamol ou ibuprofeno, sempre com orientação médica. Estimular a atividade física moderada e manter uma rotina de sono regular também pode ajudar. O mais importante é observar a frequência e as características das dores para garantir que realmente se trata de uma dor benigna”, orienta a especialista. 

Pode evoluir para algo mais grave?

A pediatra Bruna de Paula finaliza explicando que “a dor do crescimento, por si só, não evolui para nenhuma doença grave e não causa sequelas. Ela é autolimitada – ou seja, tende a desaparecer com o tempo, geralmente sem necessidade de tratamento contínuo. No entanto, o problema está em presumir que toda dor noturna em criança é a dor do crescimento, sem investigar outras possibilidades. Se houver uma condição mais séria por trás, como uma infecção, uma doença reumática ou até um câncer, a falta de investigação pode atrasar o diagnóstico e comprometer o tratamento. Por isso, o verdadeiro risco não é da dor do crescimento em si, mas da possibilidade de ignorar sinais de alerta. Em resumo: quando realmente é dor do crescimento, não há com o que se preocupar. Mas é essencial uma avaliação médica cuidadosa para garantir que não se trata de algo mais grave”, enfatiza.

Sobre Bruna de Paula 
Bruna de Paula é pediatra há mais de 15 anos, com especialização em Terapia Intensiva Pediátrica.

Acompanhe Bruna de Paula:

Instagram:@dra.brunadepaula.pediatra 
YouTube: Dra Bruna de Paula Pediatra

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